Artigo
6 de nov. de 2025
Você não pode otimizar para respostas geradas por IA? Vamos falar sobre isso.
Author: Rafael Lins
A discussão sobre “AEO — AI Engine Optimization” está crescendo, mas será que realmente existe como otimizar para respostas de IA como ChatGPT, Perplexity e Gemini? Este artigo analisa a visão de Himanshu Sharma (Optimize Smart) e traz uma reflexão técnica sobre o que é mito, o que é tendência e o que já é prática real.
Introdução
Nos últimos meses, o termo AEO (AI Engine Optimization) começou a aparecer em artigos, conferências e até serviços de SEO.
A ideia é simples: adaptar o conteúdo do seu site para ser citado, resumido ou referenciado por sistemas de IA generativa, como ChatGPT, Gemini, Perplexity, Copilot ou Anthropic Claude.
Mas será que isso realmente existe?
O especialista Himanshu Sharma, fundador da Optimize Smart, defende o oposto:
“Você não pode otimizar para respostas geradas por IA, porque elas não seguem um ranking orgânico nem uma lógica de indexação rastreável.”
A afirmação é forte — e parcialmente verdadeira.
Neste artigo, vamos analisar o argumento e confrontá-lo com evidências práticas do comportamento das IAs generativas e dos próprios buscadores.
O argumento central de Himanshu Sharma
No artigo “You can’t optimise for AI-generated responses”, Himanshu argumenta que:
Os LLMs (Large Language Models) não são mecanismos de busca tradicionais. Eles não têm rankings, SERP positions ou page authority mensurável.
A geração de resposta não é determinística — cada consulta pode ter variações com base em contexto, personalização e sampling.
Mesmo que uma marca apareça em uma resposta, não há garantia de visibilidade futura, pois o modelo não “indexa” conteúdo novo como o Google.
E, portanto, tentar “otimizar” para IA seria como tentar manipular uma conversa — e não um resultado de busca.
Onde o argumento faz sentido
Sim, os modelos de IA não ranqueiam como o Google Search.
Eles resumem.
As respostas de sistemas como Perplexity, ChatGPT e Gemini são compostas de passagens contextuais baseadas em fontes de alta confiança — e não em fatores de SEO tradicionais.
Além disso:
As respostas variam entre usuários.
As citações (quando exibidas) são probabilísticas, não garantidas.
E a “posição” de uma marca dentro da resposta é irrelevante visualmente — diferente do CTR de uma SERP.
Portanto, Himanshu acerta ao dizer que não existe AEO no mesmo sentido que SEO.
Mas isso não significa que não exista influência.
Onde o argumento falha (ou precisa de nuance)
A realidade é que as IAs generativas dependem de dados estruturados, contextuais e rastreáveis para formar respostas confiáveis.
E isso traz de volta elementos muito familiares para quem faz SEO técnico.
Exemplos práticos:
Perplexity.ai prioriza sites com schema estruturado (Article, FAQPage, Product, etc.) e metadados consistentes (Open Graph, llms.txt, ai-dataset.json).
ChatGPT (via Browse e Atlas) consulta páginas abertas com metatags limpas, descrições objetivas e contexto semântico claro.
Gemini (Google) usa o SGE (Search Generative Experience) — um híbrido entre SERP e IA — que ainda depende fortemente de SEO tradicional e de E-E-A-T (Expertise, Experience, Authority, Trust).
Em outras palavras:
Você não “otimiza para IA” — você fornece dados legíveis para IA.
A nova camada: AEO não é SEO, mas é semântico
O termo AEO (AI Engine Optimization) não é sobre ranking, e sim sobre contextualização semântica.
Ele parte de uma pergunta diferente:
“Como garantir que meu conteúdo possa ser entendido, resumido e citado por sistemas de IA?”
Isso inclui:
Estruturar dados com schema JSON-LD completo (FAQPage, TechArticle, Organization).
Usar llms.txt e ai-dataset.json para sinalizar permissão e contexto para rastreadores de IA.
Criar conteúdo explicativo e definicional (FAQ, glossários, tutoriais long-form).
Incluir referências confiáveis — pois os LLMs priorizam fontes “co-citadas” por sites acadêmicos ou governamentais.
👉 Esses elementos já aparecem na documentação técnica da Perplexity, OpenAI GPTBot, Anthropic ClaudeBot e Google-Extended.
Um paralelo com o SEO de 2005
A discussão atual lembra o início do SEO moderno:
em 2005, muitos diziam que “não havia como otimizar para o Google”, pois o algoritmo era opaco.
Mas com o tempo, descobrimos sinais claros: links, semântica, autoridade.
O mesmo está acontecendo com as IAs hoje.
Ainda não temos um “ranking IA”, mas já temos sinais de preferência.
Sites com:
Estrutura semântica robusta,
Linguagem natural e explicativa,
Contexto de autoridade em temas específicos,
… aparecem com mais frequência em respostas de IA, especialmente em queries de alta ambiguidade (“what is”, “how to”, “examples of”).
A visão da Ad Rock
Na Ad Rock, tratamos AEO como um desdobramento técnico do SEO avançado — não uma substituição.
Nosso foco está em três frentes:
Acessibilidade de dados: garantir que crawlers de IA consigam consumir o conteúdo.
Contexto semântico: estruturar o conhecimento (schemas, glossários, FAQs).
Autoridade narrativa: escrever de forma que humanos e IAs compreendam o porquê e o como de cada tema.
É assim que conteúdos como
👉 Checklist de Schema SEO para IA e Google 2025 e 👉 LLMs.txt e AI Dataset para sites jornalísticos foram criados — não para “enganar” a IA, mas para dialogar com ela.
Conclusão
Himanshu Sharma tem razão em parte:
você não pode forçar uma IA a citar seu site, como faria com o SEO clássico.
Mas pode — e deve — preparar o seu conteúdo para ser compreendido por ela.
O futuro da otimização não é só para humanos nem só para robôs.
É para contextos híbridos, onde conteúdo técnico, linguagem natural e estrutura semântica coexistem.
A otimização para IA não é sobre rankear.
É sobre ser legível, rastreável e confiável — por pessoas e máquinas.





